O artista
Um espírito caboclo da floresta incorporando o artista admirável, um homem de Deus e de quatro mulheres, Linda, Taís, Elis e Ana. Uma ardência interna inconsumível envolvida com a simplicidade dos bons, dos de bem com sua própria pele.
Assim é MAQUESON, nascido em 30 de agosto de 1958, no Seringal Flora, município de Porto Walter, em meio às florestas do Acre, no ocidente brasileiro.
Menino “medonho” de danado, no linguajar de Dona Chagas, a mãe, que nunca lhe viu andar, apenas correr. O primeiro choque de poraquê, o peixe elétrico, é gravação intacta na mente do menino-caboclo de matas e de rios.
O avô, cego pela fumaça da borracha, ensinou-lhe um B-a-Bá original: gravetos e sementes na floresta, pousados num tabuleiro com letras, abriram-lhe o mundo do A, do B, do C e de todas as histórias da floresta.
Com o pai, cortou seringa e aprendeu a fazer barcos, motivos constantes de sua arte.
Aí viveu até a adolescência, buscando lagartos, caçando cobras, descobrindo os mistérios da mata, vivendo uma infância feliz num mundo único e isolado, desconhecido até hoje para a maioria dos brasileiros.
Em 1973, da liberdade do Seringal Flora parte para um outro pequeno mundo, em Porto Walter, que lhe marcaria a alma, e a arte, para todo o sempre: o Colégio dos Padres alemães da Congregação do Espírito Santo – aos quais a história do Acre está a dever reconhecimento, pela inimaginável presença educativa nos cafundós da Amazônia – que o acolheria, aos 15 anos, para seus primeiros estudos formais.
Aí recebe seu primeiro papel: a certidão de nascimento, comprovando um nome único, de origens tão perdidas quanto desconhecidas: Maqueson, que se junta ao Pereira da Silva de seus ancestrais nordestinos, migrantes amazônicos atraídos pelo ouro branco da borracha do Acre.
Aos 18 anos, sem nunca ter posto os pés para fora da floresta, Maqueson “salta do trapézio” com uma única rede de proteção: a orientação europeia dos padres alemães. Vai, como seminarista, para o desconhecido e distante sul brasileiro, Santa Catarina, onde estudará no Instituto Liebermann, na pequena cidade de Salete.
Um menino da floresta que sai direto do norte para o sul, sem intermediações contemporizadas! Sorrindo e empapado pelo orgulho de suas raízes caboclas, Maqueson conta o início desses novos tempos com a memória de seu primeiro banho, quando confundiu detergente com shampoo, esse “sabão para cabelos” absolutamente desconhecido no seringal. Assim foi seu “batismo” sulista.
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